TRANSMISSÕES POPULARES CONTRA INFODEMIA

INSTITUTO REALIZA OFICINA DE PODCAST EM COMUNIDADE RIBEIRINHA

Infodemia é uma expressão que aponta um fenômeno global, reconhecido e classificado pela Organização Mundial de Saúde como o excesso de informações, verídicas ou não, numa moderna epidemia de desinformação, que torna difícil encontrar fontes certas e orientações confiáveis quando se precisa. O termo Infodemia foi citado primeiramente pelo jornalista americano David J. Rothkopf em sua coluna no jornal Washington Post, em 2003, em matéria sobre os efeitos da epidemia da síndrome respiratória aguda grave. Definia ele a infodemia como a transmissão em massa de fatos, misturados com medo, especulação e boatos, que afetam as economias nacionais e internacionais, a saúde pública, a segurança institucional e a democracia dos estados nacionais. 

A infodemia se propagou durante a Pandemia de Covid-19, transmitida por pessoas compartilhando informações para proteger outras pessoas, mas que também espalharam medo e rumores, provocando mais desinformação e fake news.  Mensagens de texto, vídeos, áudios, stories e memes; em vlogs, blogs, nos sites e redes sociais, em contínuo contágio de informações incompletas ou produzidas por fontes duvidosas para confundir a audiência.

Notícias falsas, rumores e o excesso de informação, aprofundaram a discriminação, afetando o acesso a serviços públicos de assistência básica em comunidades vulneráveis.

Na comunidade Porto Ceasa, localizada à margem do Rio Guamá, no bairro Curió Utinga, em Belém do Pará, o período mais crítico da pandemia foi enfrentado sem assistência em saúde pública ou social. Na ausência do poder público, a comunidade sobreviveu “Com Unidade”, na partilha de cuidados, em sua própria rede de proteção.

Neste mês de outubro, jovens estudantes entre 14 e 29 anos, moradores da comunidade Porto Ceasa e Curió Utinga iniciaram participação na oficina de Áudio Digital e Podcast, promovida pelo Instituto Idade Mídia (Comunicação para Cidadania), através da Rádio Ribeirinha Murukutu, com o projeto Transmissões Populares Contra a Infodemia.

O projeto é uma iniciativa elaborada para desenvolver conteúdos informativos de áudio digital e combater a pandemia de desinformação; compreendendo o cotidiano como parte da ação comunicativa e seu uso como ferramenta na construção dos valores da cidadania e garantia de direitos.

A Oficina é ministrada Angelo Madson, midiativista e educomunicador paraense. São 4 encontros de formação teórica e habilitação técnica nas etapas de produção de áudio digital para rádio web ou podcast. Comunicação Comunitária, Linguagem Radiofônica, Gêneros e Formatos, Elaboração de Roteiro, Técnicas de Locução e Edição de Áudio Digital são alguns tópicos temáticos da programação.

“No exercício de composição de roteiro para rádio (script), criamos o esboço do resultado final da oficina: O programa Infonews Podcast – Um antiviral contra Infodemia. Com abordagem direta e formato jornalístico, o Infonews Podcast fala sobre consequências da desinformação, com enfoque na comunidade Porto Ceasa, com entrevista de lideranças locais, spot e dicas de combate à infodemia”, conta o coordenador do projeto.

Democratizando o acesso aos recursos, cada participante da oficina recebeu uma ajuda de custo no valor de R$50 reais no meio da jornada de Educomunicação e com 100% de presença e participação garantem um incentivo no valor de R$100 reais ao fim das atividades e entrega de certificados. A principal atividade econômica na comunidade está no extrativismo de açaí e na pesca artesanal de camarão, além do árduo ofício de carga e descarga de produtos na CEASA, realizado na madrugada antes da cidade acordar. 

  Assim como outras comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas da Amazônia, antes da presença do Poder Público, a infodemia alastrou-se, chegando à comunidade de Porto Ceasa, através do compartilhamento de informações incorretas, sobretudo sobre a vacina, motivando moradores por não tomar as doses, entre outras situações.

A infodemia prejudicou a saúde física e mental das pessoas, alimentou preconceitos e gerou uma narrativa negativa contra as medidas de saúde pública. Num momento que colocar em xeque as políticas de saúde, pode fortalecer a polarização ideológica no debate público, gera risco de conflito, violência e violações dos direitos, ameaçar à democracia em países e aniquilar a unidade humana e social. A desinformação custa vidas!

Por isso, desenvolver conteúdos informativos de áudio para combater rumores, ao tempo que compreendemos o cotidiano como parte da ação comunicativa como ferramenta para construção dos valores da cidadania e garantia de direitos.

O projeto Transmissões Populares Contra Infodemia está vinculado ao programa Enraizado na Confiança 2.0 (Rooted in Trust) desenvolvido pela Internews, uma organização sem fins lucrativos com mais de 30 escritórios em todo o mundo, para constituir programas com base na convicção de que todos merecem notícias e informações confiáveis para tomar decisões informadas sobre suas vidas. Comunicação como raízes de confiança.

Desta forma, o programa Enraizado na Confiança, busca responder à ‘infodemia’ ou transmissão excessiva de informação, uma epidemia de informações, especialmente sobre o tema da Covid-19, gerando desinformação, rumores, boatos e medos para tencionar o tecido social. O programa é financiado pela Agência Norte-americana de Desenvolvimento Internacional (United States Agency for International Development – USAID).

A Rádio Ribeirinha Murukutu, emissora streaming do Instituto Idade Mídia, foi lançada no dia 15 de agosto de 2022, nos 187 anos da proclamação de Antônio Vinagre aos revolucionários no Acampamento Cabano no Engenho Murucutu, território histórico parawara, originário do grande Levante da Nação Tupinambá em 1617. A Rádio Murukutu está localizada na comunidade ribeirinha, há cerca de 4Km do projeto “Uka Murukutu”, para construção da sede própria do Instituto Idade Mídia, no bairro Curió Utinga.

O programa Internews do projeto Transmissões Populares Contra Infodemia também conta com o apoio do Fórum de Entidades Comunitárias do Curió Utinga e do Restaurante Paraíso Verde, localizado na comunidade Porto Ceasa, rio Guamá.

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Dj Luan – jovem de 14 anos, estudante e participante do projeto.

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