CURSO LIVRE DE PRODUÇÃO DE ÁUDIO DIGITAL PARA RÁDIO POPULAR E PODCAST: AULA 01# LINGUAGEM RADIOFÔNICA
Com Angelo Madson Tupinambá
Insitituto Idade Midia .Org
Idade Mídia e IMTV, Belém. (2021).
Produzido para formação de comunicadorxs populares nos território da Rede Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão.
Eu sou Angelo Madson Tupinambá, moro em Belém do Pará, antiga Maery, sou midiativista e fundador do Instituto Idade Mídia – Comunicação para Cidadania.
Há 22 anos venho atuando na formação teórica e capacitação técnica de agentes multiplicadores em comunicação popular, trabalhando nas ruas e nas redes, a expressão do direito humano à comunicação, a participação popular, a construção dos valores da cidadania e a valorização da cultura na Amazônia.
A nossa programação é um espaço aberto as mais diversas articulações, redes, coletivos, associações, grupos e movimentos pelo direito à cidade, resistência cultural, direitos humanos e transformação social. Por isso, agradecemos o convite da teia dos povos para fazer parte desse momento e aqui apresentar algumas considerações sobre nosso processo de criação de áudio para rádio e podcast.
A Teia dos Povos e comunidades tradicionais debate a importância estratégica da comunicação popular e busca identificar potenciais comunicadores vivendo nos territórios. Então, se você está assistindo a este vídeo, parabéns e sucesso na jornada, seja bem vinda, sejam bem vindos ao universo da comunicação cidadã.
Nesta série dividida em 3 vídeo aulas te convido pra uma viagem panorâmica pela produção radiofônica, áudio digital e podcast dentro da comunicação popular.
Mas afinal, o que é comunicação popular?
A comunicação popular como conhecemos existe desde a década de 70 e 80 e surgiu como ação de grupos populares, organizados em movimentos sociais com a intenção de usar os meios não apenas para informar ou anunciar, mas para mobilizar.
Essa comunicação contra hegemônica também é chamada de comunicação alternativa, horizontal, participativa, colaborativa ou comunitária.
A comunicação popular é a voz dos excluídos e também a expressão das lutas populares por melhores condições de vida. Essa forma de comunicação tem um caráter crítico-emancipador, reivindicativo, libertador e educativo. Se organiza em espaços de participação democrática como instrumento político das classes exploradas na luta pela construção de uma sociedade igualitária e socialmente justa. Em síntese: é a comunicação para cidadania!
Em 2006, como estudante de graduação, percebia que a gente estava vivendo uma revolução de caráter técnico e científico e que as pessoas estavam se tornando cada vez mais emissoras de conteúdos em massa… Com o surgimento e acesso às novas tecnologias de comunicação, informação e conhecimento, a gente estava cada vez mais gerando e tornando pública uma informação ou conhecimento com base em nossa própria vivência.
Nesse momento estamos moldando e sendo moldados por uma sociedade cada vez mais midiatizada, a era da informação, ou seja, a idade mídia! Mas essa sociedade não é uma comunidade harmônica. As desigualdades geram lutas entre as classes que estão em disputa nas relações de poder. Assim, pessoas governos e megacorporações em geral também geram bastante desinformação, formando o fenômeno das fake news.
Acreditamos que o mesmo termômetro que mede a democracia de um país é que mede a participação dos cidadãos nos meios de comunicação.
A comunicação social é um direito humano fundamental, sua palavra chave é mobilização. A comunicação popular e comunitária deve contribuir para a construção da cidadania na comunidade. Popular porque é do povo e para o povo.
Cicilia Peruzzo no brasil e Mário Kaplún, na argentina basicamente definiram o cientificamente o conceito de comunicação contra hegemônica.
Mas no brasil diversos pesquisadores como regina festa, Gilberto Gimenez, Juan Diaz e Luis Ramiro Beltrán trouxeram importantes contribuições para o tema.
Então é isso, a comunidade faz a sua comunicação como instrumento de formação e mobilização. Mas também oferece prestação de serviços e incentiva às práticas culturais e tradições populares que constituem a formação da comunidade.
Falamos sobre esse conceito, para compreender melhor a dimensão da comunicação cidadã e a função estratégica da comunicação popular nas lutas de classes. Essa concepção representa o pleno exercício da cidadania e pode acontecer tanto na revista, fanzine, blog ou sites, canal de tv, hq, como também na rádio comunitária, rádio web ou em seu canal de podcast.
A escrita e a oralidade são as bases da nossa comunicação verbal, por isso vamos falar de linguagem, que nas produções para o rádio ou podcast é conhecida como “linguagem radiofônica”, formada pelo texto (que é a palavra falada), pela trilha musical, efeitos sonoros e até o silêncio.
O texto no rádio precisa ser curto, direto e objetivo. Dever vir sempre na ordem na ordem direta da frase, ou seja: sujeito – verbo e complemento. Eu vou dar um exemplo! Eu sujeito, vou verbo, dar um exemplo é complemento… Isso é ordem direta da frase. Na ordem indireta seria “um exemplo eu vou dar”, que devemos evitar no rádio… Certo?
A nossa forma de falar precisa facilitar a compreensão e ter maior acessibilidade, deve ter simplicidade! Mas tudo o que compõe o texto radiofônico deve ser previamente consultado, a fim de oferecer o máximo de crédito ao ouvinte. Neste sentido, as informações devem partir de fontes confiáveis, não compartilhe fake news…
A trilha musical está nos blocos da programação de uma rádio, ou nos programas em si, fazendo a abertura e o encerramento. Quando a trilha sonora vem lá no fundo da voz de uma locução, chamamos isso de b.g. sigla do inglês background – ou fundo.
Os efeitos sonoros, também conhecido como sonoplastia, é um recurso muito utilizado no universo do som, da produção de áudio para rádio e podcast. São elementos acústicos (como ruídos de impacto, corrosivo, ficção científica, ambientes, animais, sons do corpo humano, enfim… O que sua imaginação permitir criar)…
O silêncio na linguagem radiofônica é uma página em branco, muito importante para criar a pausa dramática, uma atmosfera ambiente de reflexão ou tensão. Pra acentuar ou reduzir a carga dramática de uma cena ou da voz de um locutor.
Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Mas o rádio é a imagem em ação, usando mil palavras para envolver o ouvinte na imaginação. Por isso se diz que na linguagem radiofonia é preciso enxergar com ouvido.
Embora o rádio seja considerado uma mídia cega, diante do império das transmissões de imagens 3d, ful hd 8k… O rádio continua se transformando e se adaptando às mudanças tecnológicas e aos novos formatos. Podemos afirmar que o rádio é trans mídia pois atravessa todos os formatos, justamente porque está na fala e na escrita!
O rádio como meio de comunicação sobreviveu ao cinema, tv e agora a internet. O rádio on line ou rádio web é uma opção de baixo custo e grande alcance, que não depende da potência de um transmissor FM nem precisa de antena. A internet se tornou a maior plataforma de comunicação do mundo e o rádio acompanhou essa transformação por convergência tecnológica.
A nova onda de produção de áudio que está dominando o mundo é o podcast.
Ao contrário dos programas de rádio ao vivo, os podcasts são gravados. Os podcasts são episódios publicados com frequência e em sequência, que ficam disponíveis para download.
Essa é a grande característica do formato. Podcast vem da junção de duas palavras broadcast – transmissão e ipod – o aparelho. Dessa forma os consumidores de conteúdo podem ouvir aonde e quando quiser, diferente do rádio tradicional.
Um levantamento realizado pelo deezer apontou que o consumo de podcasts no brasil cresceu pelo menos 67% no ano passado. Ou seja, mesmo como veículo cego, ao contrário do que muita gente fala, o rádio não chegou a uma situação limite.
Pelo contrário o rádio e as produções de áudio estão se reinventando e acompanhando as transformações de um mundo em movimento!
Grande abraço e até a próxima onde vamos falar um pouco sobre gêneros e formatos radiofônicos.
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Categorias:Educomunicação
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